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Calendário científico fevereiro 2025

Diagnóstico de hemoglobinúria paroxística noturna

Qual é o papel da imunofenotipagem no diagnóstico de HPN?

Mede principalmente o nível de hemoglobina no sangue durante episódios hemolíticos.

Identifica a presença de anticorpos específicos que atacam as células sanguíneas nos doentes com HPN.

É utilizada para detetar a ausência de proteínas ancoradas ao glicofosfatidilinositol (GPI) na superfície das células sanguíneas.

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INFORMAÇÃO CIENTÍFICA DE SUPORTE

Hemoglobinúria paroxística noturna

A hemoglobinúria paroxística noturna (HPN) é uma doença clonal rara e potencialmente fatal das células estaminais hematopoiéticas, caracterizada por hemólise intravascular crónica causada pela cascata do complemento, tromboses e citopenias relacionadas com falência da medula óssea. Resulta de uma expansão mutacional de um clone que inativa o gene ligado ao cromossoma X PIG-A, causando uma deficiência de proteínas ligadas ao glicofosfatidilinositol (GPI) na superfície dos eritrócitos (RBC), monócitos e granulócitos. Estas incluem duas proteínas reguladoras do complemento na superfície dos glóbulos vermelhos, nomeadamente, CD55 (fator acelerador de decaimento – DAF) e CD59 (inibidor de lise reativa da membrana – MIRL). A deficiência nestas duas proteínas conduz à destruição dos eritrócitos in vivo [1].

Diagnóstico

O diagnóstico de HPN envolve vários testes laboratoriais:

  1. Citometria de fluxo dos antigénios ligados ao GPI, ilustrando populações negativas de eritrócitos (RBC) e de leucócitos (WBC)
  2. Teste de Coombs positivo
  3. Anemia com aumento da contagem de reticulócitos
  4. Aumento da desidrogenase lática e da bilirrubina
  5. Diminuição da haptoglobina
  6. Hemoglobina livre no soro e hemoglobinúria
  7. Danos associados aos órgãos devido à hemólise e/ou trombose [1].

Imunofenotipagem por citometria de fluxo utilizando o DryFlowEx PNH High-Sensitivity Assay Kit

A citometria de fluxo é considerada o método padrão para a deteção de clones de HPN, desempenhando um papel importante no diagnóstico, monitorização e gestão clínica dos doentes com HPN. A atualização mais recente das orientações de consenso da ICCS/ESCCA [resumida em 2] garante a deteção sensível e precisa de clones de HPN, incluindo os menores.

O DryFlowEx PNH High-Sensitivity Assay Kit foi desenvolvido com base nesta atualização mais recente, permitindo um elevado nível de sensibilidade na deteção, em parte devido à inclusão do FLAER (proaerolizina marcada com Alexa Fluor™ 488). O FLAER liga-se aos pontos âncora do GPI, permitindo, assim, medir a sua presença ou ausência, de forma independente de qualquer marcador CD, em monócitos e granulócitos neutrófilos.

O kit fornece dois tubos por doente:

  1. Tubo RBC, contendo CD71, CD59 e CD235a
  2. Tubo WBC, contendo proaerolizina, CD157, CD45, CD64, CD24, CD14 e CD15

Os cocktails para cada tubo são reagentes secos, ou seja, os anticorpos estão secos na superfície do tubo. Isto permite uma maior durabilidade e armazenamento à temperatura ambiente. As Instruções de Utilização contêm mais detalhes sobre a preparação de amostras, gating e interpretação.

CASO E RESULTADOS

Uma mulher afro-americana de 19 anos apresentou-se ao serviço de urgência com tosse e urina escura; era de resto previamente saudável. O historial familiar revelou que a sua irmã fora diagnosticada com traço falciforme.

Resultados de Hematologia

Foi colhida uma amostra de sangue para o laboratório de hematologia, onde foi realizado um hemograma completo num analisador XN Series. Os resultados (Fig. 1) mostraram que a doente tinha anemia.

Rerun Order Run Test Result C Unit
  I 2 CBC Profile      
  I 2 HGB 90   g/l
  I 2 WBC 2,56   10*9/l
  I 2 PLT 69 & 10*9/l
  I 2 RBC 2,48   10*1…
  I 2 HCT 0.277   l/l
  I 2 MCV 111,7   fl
  I 2 MCH 36,3   pg
  I 2 MCHC 325   g/l
  I 2 RDW-CV 19,9   %
             
      RET Profile      
  R 2 RET# 70,7   10*9/l
  R 2 RET% 2,9   %
  R 2 RET-He 28,3   pg
  A 2 PLT-O 69   10*3/…

 

Fig. 1 Resultados laboratoriais de hematologia de um analisador XN Series.

Resumo dos parâmetros relevantes para este caso, incluindo intervalos de referência internos do hospital (entre parênteses):

  • Hemoglobina
90 g/l

(115 – 155 g/l)

  • Eritrócitos
2,48 x 1012/l

(3,9 – 5,6 x 1012/l)

  • Hematócrito
0,277 l/l

(0,36 – 0,48 l/l)

  • Contagem de reticulócitos
2,9% (0,5 – 1,5%)

 

Resultados de outras análises

Outras análises laboratoriais confirmaram que a anemia era de natureza hemolítica autoimune:

  • Desidrogenase láctica:
3170 U/l (87 – 225 U/l)
  • Bilirrubina total:
1,9 mg/dl (0 – 1,2 mg/dl)
  • Bilirrubina indireta:
1,6 mg/dl (0,2 – 0,7 mg/dl)
  • Teste de Coombs direto positivo
   

 

Resultados de imunofenotipagem por citometria de fluxo

A doente foi observada por um hematologista que enviou amostras para teste de HPN ao laboratório de citometria de fluxo. Foi realizada imunofenotipagem utilizando o DryFlowEx PNH High-Sensitivity Assay Kit. A análise dos dados revelou um clone significativo de eritrócitos (RBC) e leucócitos (WBC) de HPN, evidenciando claramente a ausência de antigénios ligados ao GPI.

Os resultados para os eritrócitos, utilizando o tubo RBC, revelaram um clone de Tipo III de 76,75% e um clone de Tipo II de 2,54% (Fig. 2).

Os resultados para os leucócitos, utilizando o tubo WBC, revelaram um clone de granulócitos neutrófilos entre 95 e 97% (Fig. 3) e um clone de monócitos de 98% (Fig. 4).

Com base nesta informação, o hematologista determinou que a doente apresentava formas homozigótica (Tipo III) e heterozigótica (Tipo II) de HPN e iniciou tratamento com eculizumab, uma terapia imunológica que se liga à proteína C5 do complemento, inibindo a ativação do sistema do complemento [3]. Esta ligação evita a destruição dos eritrócitos na corrente sanguínea.

Nos últimos seis meses, os valores de hemoglobina e contagem de eritrócitos da doente estabilizaram dentro do intervalo normal e não ocorreram mais episódios hemolíticos.

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